domingo, 16 de junho de 2013

20 centavos e muito mais

Como era de se esperar, Época, Veja e IstoÉ entregam suas capas desta semana às manifestações populares, que tomaram conta das ruas de SP, e que começaram a ganhar reforço em diversas capitais brasileiras. Como também era de se esperar, cada uma das revistas faz sua leitura do caso e, todas, deixaram muito claro seu posicionamento político.
Veja, a mais à direita das bancadas e das bancas, faz uma capa reducionista e com tom irônico, que coloca o aumento da passagem como o grande motivo para as manifestações. E qual seria o motivo para a escolha dessa foto para capa? Talvez o mesmo que levou a redação a escrever essa reportagem. Ao jogar para os manifestantes todo o "impacto ruim" que manifestações causam, a revista simplesmente deixa de mencionar a ação de uma polícia polícia despreparada, que disparou, inclusive, contra jornalistas que estava lá cobrindo a manifestação. Será que alguém da redação da Veja foi às ruas ver o que de fato acontecia? E se fosse um repórter da revista a tomar um tiro, como aconteceu com a jornalista da Folha? O texto seria o mesmo? Vergonha, é o que sentimos!


Já época, a que ocupa as bancadas centrais – em alguns momentos está de um lado, em outros pende para o outro, e em alguns faz vista grossa para o que está acontecendo – traz a capa mais bonita e marcante das manifestações. Além da beleza que é a foto de Ignacio Aronovich (dá para ver aqui mais fotos incríveis das manifestações), a abordagem da chama da Época é muito interessante. No lugar de julgar alguém - os manifestantes, no caso da Veja – Época prefere conhecê-los, entendê-los. É um texto bastante justo, pois convida o leitor a conhecer todos os lados da moeda. 


A IstoÉ, nossa semanal mais à esquerda (com ressalvas), enfia o dedo na ferida e aponta o grande gente do pânico das manifestações: a polícia despreparada de SP, com toda sua truculência e violência desmedida. Graças a esta polícia, vimos cenas de barbárie, tivemos a sensação do retorno da ditadura militar e, o que é pior, quase acreditamos que não era mais possível expôr nossa opinião. Felizmente, não baixamos a cabeça e continuamos mostrando o que pensamos, em que acreditamos. A capa da IstoÉ é forte, muito porque é a mais real de todas.


Esse post é assinado em terceira pessoa porque o dasBancas não pode ser apenas um expectador deste momento tão importante para a sociedade brasileira. Estamos juntos nessa e temos vergonha de toda e qualquer violência, opressão e censura e de toda imprensa que não colabora para que o povo veja, de fato, o que acontece por aí.  



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