sábado, 19 de setembro de 2009

A V A C A L H A D O R A !

Apenas para que a UM não conquiste uma cadeira cativa no limbo das revistas masculinas não comentadas pelo dasBancas – ao lado das prestigiadas ELEELA, Brazil, Gata da Hora... –, vejamos a última capinha da publicação, com a ex-Latino e ex-A Fazenda Mirella Santos:

Senhor, piedade

Inacreditável como a revista consegue se superar a cada mês, não? Essa edição é o baluarte do improviso, da falta de senso, da cara de pau. Reza, minha gente, mas reza forte, porque a UM não tá de Deus, não.

Abaixo a caretice

A Época dessa semana, com matéria de capa “O amor nos Tempos da Internet”, tinha tudo pra mandar pras bancas uma capinha irreverente e interessante, mas, como uma boa semanal de informação que é, acabou escolhendo a opção mais “família”. Pena.

A capa caretinha que foi pra bancas

E a versão sacaninha que ficou de fora

No Faz Caber tem mais opções de capas. Passa lá.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Imagem não é nada? Sede é tudo?

HVMWHVMWHVMW

A equipe VOGUE continua sendo a mais competente do mercado editorial quando o assunto é imagem. Essa superioridade pode ser facilmente confirmada com a mais recente edição de HOMEM VOGUE. Seja na produção dos ensaios sensuais ou na seleção dos editoriais de moda que não falam português, tudo é impecável, lindo. E isso não vale apenas para as fotos, as capas quase sempre são ótimas em cores, luz, diagramação; a seleção de produtos e marcas é a melhor para o público masculino e até os anunciantes da publicação parecem ter um pouco mais de bom senso que o habitual.

No entanto, para uma revista que dá as caras apenas algumas vezes no ano, o seu conteúdo deveria ser tratado com muito mais cuidado. As matérias dessa edição 25 são desinteressantes, mal escritas e irrelevantes. Tudo bem que é legal falar de assuntos que mais ninguém trata, mas esse posicionamento a HV não soube fazer com a atenção necessária antes de soltar essa capa nas ruas.

Mas já que a prioridade parece ser mesmo a imagem, selecionei os melhor momentos do ensaio de Mariana Weickert (fotos: Marcio Simnch) que foi o que mais se destacou nessa HV de primavera/verão.

Tipo top-guache

Fora o ótimo e borrado ensaio da modelo e repórter do GNT Fashion, outros dois momentos da revista me chamaram atenção. Uma única foto do ensaio de Barbara Thomaz e todo o editorial "Nômades" (importado, claro) que trouxe ótimas produções masculinas fotografadas em um porto e misturando a figura de um modelo com vários sexagenários de oitenta anos senhores velhinhos.

Maturidade editorial, lá vamos nós?

Te vejo novamente em outubro, espero eu, com a mesma estampa e melhor conteúdo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Com a palavra: Jairo Goldflus!


Jornalista, 42 anos, 24 atrás das câmeras. Jairo Goldflus já fotografou para as principais revistas do Brasil, seu nome não é recorrente apenas nos créditos de títulos das editoras Abril e Globo, mas também de alguns títulos internacionais. Além dos editorias, ele também é o autor das imagens que compõe o anúncio de grandes marcas brasileiras, como Itaú, Bradesco, Vivo, Motorola, Procter, Unilever, Rosset, Samsung, Rosa Chá, Amsterdam Sauer, Nokia, Melissa, Azaléia, Brastemp, Vivara, entre outras.


Numa conversa por e-mail, Jairo falou um pouco de tudo sobre seu trabalho, bastidores de revistas e algumas impressões sobre o mercado editorial e fotográfico. Particularmente, estou extremamente feliz por esse contato com o Jairo e muito grato por toda atenção. Se lá no meu primeiro post eu disse que ele era meu fotógrafo brasileiro preferido, agora só posso ratificar a informação. Jairo é FODA e extremamente acessível. Sem estrelismo ou afetações.

Melhor que eu falar é vocês lerem o que ele tem a dizer. E, claro, para quem não conhece seu trabalho, o próprio Jairo selecionou algumas imagens para mostrar aqui.


Lembro que você fotografava a coluna da Quem em que celebridades eram transformadas em personagens. Era uma parceria sua com o Duda Molinos. Hoje, você assina uma coluna na revista Contigo!, transitar por essas revistas é uma mera coincidência ou você gosta do clima mais descompromissado destes títulos?

Sinceramente, não dou muita importância para quem estou fotografando, o mais importante é a foto em si. As revistas chamadas semanais, por mais incrível que possa parecer, te dão liberdade total na produção. Isso faz com que o trabalho fique mais autoral e menos referenciado. O grande problema do mercado editorial brasileiro é a falta de identidade própria, até as chamadas “modernas” têm um formato com referência fotográfica formatada e seguindo tendências acabam por sugerir cópias descaradas. Isso dificilmente dá orgulho de fazer, mas também faz quem quer.


Normalmente, seu nome é associado a revistas femininas. Você prefere trabalhar para mulheres? Ou é uma questão de oportunidades?

Sempre curti ter a beleza feminina como objeto a ser fotografado, mas acho que foi o acaso que me levou para as femininas, caí nas revistas meio sem querer. Gostava de fotografar mulher, seja nua ou vestida. A Regina Guerreio achou que eu cabia na proposta de moda daquela época e me adotou. Achava divertido o ambiente e não era ruim ficar perto daquele monte de mulher sendo o maestro da brincadeira. Gostei e fiquei, foi natural sem grandes planos.


Você mesmo se define como um fotógrafo de beleza. Apesar disso, o que mais vemos de sua produção são os retratos, seja para revistas, materiais de divulgação de artistas. Trabalhar apenas com a luz e um personagem é mais difícil que fazer grandes produções, com megacenários e locações incríveis?

Acho uma evolução natural ir para os retratos, pelo menos para mim. Comecei trabalhando com beleza e moda, as coisas ficam muito pequenas e repetitivas se você trabalha com muitas referências, além de datar muito uma imagem. Hoje o que mais me dá prazer é ver uma foto que eu fiz há dez anos que continua sendo uma imagem bacana. Trabalhar com direção e “acting” transformam a imagem mais essencial, mais profunda. As megaproduções te dão um certo apoio para desviar deste tipo de trabalho. Hoje prefiro a coisa mais eterna da fotografia... o olhar... a imagem em si. O conceito de tempo na fotografia deixou de me interessar seja ele em elementos de cena ou figurinos.


No processo de "construção" de um ensaio para revistas como a Estilo, até que ponto você participa? Conceito, direção de arte, estilo, maquiagem...

Em tudo. Na real te chamam pois acham que aquele ensaio, aquela pessoa tem a ver com a sua linguagem e com isso o trabalho fica meio que sugerido pelo fotógrafo, tanto pra com os profissionais que irão participar, como que será a imagem de um modo geral.


Todo fotógrafo tem seus preferidos, conta pra gente: quem você ADORA fotografar?

Minha filha... Disparado!!!


Você tem uma equipe fixa na produção de seus trabalhos? O que é necessário para entrar nessa sua equipe – dá a dica para quem lê o dasBancas e está louco por uma vaga como assistente de um megaprofissional...

Gosto de trabalhar sempre com as mesmas pessoas por uma questão de afinidade e entendimento. Depois que você encontra pessoas com quem se entende, se acomoda em não perder tempo, ser mais objetivo e a pessoa com um olhar já entende o que você quer, conhece a sua luz, seu timing fica tudo mais equalizado. Na minha história profissional, eu não fui assistente e, para ser muito sincero, não vejo esta necessidade como um fator imperativo. Cria-se mitos que para ser um bom fotógrafo precisa ser assistente, não vou entrar nesta questão, mas eu não concordo, muito pelo contrário. Estar virgem dos vícios do mercado pode ser um fator de extremo valor depois de um tempo.


A primeira foto publicada em revista, você lembra qual foi?
Acho que foi na revista do meu clube, faz tempo... Eu tinha uns 16 anos.


Sua foto preferida, ao menos dessa semana...
Um ensaio que fiz com o ator Marcos Caruso há duas semanas.


Suas revistas favoritas – Brasil ou mundo, vale tudo!

Leio e vejo de tudo sem nenhum preconceito, mas particularmente estou fascinado por imagens de revistas da década de 60.


Um trabalho que você se orgulha de ter feito.

Algum que depois de anos possa ser lembrado. Existe o fator emocional na fotografia, ter sido pai mudou muito meu jeito de ver as coisas e isto reflete no meu trabalho naturalmente. Me orgulho muito de um ensaio que fiz da Gabriela (minha esposa) grávida.


Um trabalho que prefere não lembrar.

São alguns... mas já esqueci. Fotografar gente tem aspectos singulares. Às vezes uma foto simples se torna difícil porque o fotografado não é fácil. Existem imagens maravilhosas que não foi bacana a execução. É natural você se influenciar pela lembrança da execução no momento em que revê aquela imagem. As pessoas não sentem isso, óbvio, mas para mim esta lá. Uma foto me faz lembrar de toda a situação fotográfica. Por isso, às vezes, fica difícil editar um trabalho como um livro, a confusão esta aí: A foto é boa para mim ou para quem vê?


Cinema, revistas, campanhas internacionais, tudo é referência para um bom fotógrafo. No dia a dia o que você mais aplica na construção de seus ensaios?

Sempre em cinema, procuro imaginar cenas e não a imagem estática... o resultado na maioria das vezes te surpreende, pois fica mais solto. Hoje tento pensar na história, mesmo que o aproveitado seja somente um frame.


Todo fotógrafo tem um estilo que lhe agrada mais. O Bob Wolfenson tem a pegada voyer, exagerada, o Miro sempre trabalhou com cenários complexos e eloquentes. No que vejo de seu trabalho, o mais marcante é o vazio e a luz. Sempre trabalhando com luz artificial, suas imagens parecem fazer parte de um universo fantástico, onde o personagem é envolto por uma aura e o vazio também diz muito. Essa observação procede?! Ou como você classifica seu estilo?

Procede muito. O vazio pra mim é essencial, é a câmera e o sujeito. Nunca pensei em classificar meu estilo mesmo porque acho prepotente falar em estilo com 42 anos e tendo muito a fazer e a aprender, mas concordo com sua observação.


Ainda falando de estilos, você tenta "seguir" o estilo de outros fotógrafos em momentos de descontração? Por exemplo, fazer uma foto meio Terry Richardson, ou Annie Leibovitz, ou qualquer outro que você queria citar e mostrar...

Acho que inconscientemente você tem imagens emblemáticas de fotógrafos que você admira que aparecem no seu trabalho. Mesmo sem querer elas tão lá. Às vezes sinto O Irving Penn, o Avedon sussurrando no meu ouvido...


Se pudesse escolher alguém para fotografar, quem seria? E como seria esse ensaio?

Olha, seria o Marlon Brando, óbvio que de todas as formas não conseguiria, mas montaria a luz no estúdio, pegaria o propulsor, sentaria ele em um banco simples e ficaria ouvindo suas histórias e fotografando em momentos relaxados. Talvez as fotos não fossem as mais incríveis, mas eu daria muita risada e com certeza em função da forma como foi feito seria o melhor, independente do resultado...


Principais nomes da fotografia brasileira e mundial, na sua opinião.

Dentro do meu universo da fotografia citaria: Man Ray, Steinglitz, William Klein, David Bailey, Helmut Newton, Avedon, Irving Penn, Annie Leibovitz, Nick Knight, Craig McDean, Luis Sanchis e Javier Vallhonrat... mas na real são tantos...


Alguma foto ou ensaio que gostaria de ter feito?

Naturalmente tenho “inveja branca” de algumas imagens, principalmente as da Annie Leibovitz, mas consigo administrar bem isso. Sem ficar deprimido... Rs


Muitos fotógrafos que trabalham com retratos costumam dizer que procuram a essência do personagem na hora da foto, o brilho no olhar... e você, o que procura em uma foto?

Eternidade e força, seja do olhar ou da atitude.


Fotografar ensaios sensuais é mais complicado que fotografar moda?

Não acho. Depende de quando, com quem e onde.


Você já fez passagens pela VIP e Playboy, mas anda bem sumido do universo masculino. Pretende voltar ou é mais feliz fazendo fotos para mulheres?

Uma vez li uma frase do fotografo alemão Juergen Teller: “Não sou fotógrafo de moda, a moda passa por um momento que é interessante me usar como linguagem”. Penso assim... Não tenho especificação como fotógrafo, o dia que for interessante para eles e para mim, vai rolar. Adoro fazer nus e ensaios sensuais, mas no momento estou fazendo uma coisa mais autoral, para mim. Sem a finalidade de publicar em veículos. Somente no meu livro que deve sair em 2010, espero.


Para finalizar, vamos falar do final de seu trabalho:

A qualidade do produto final (revista) é uma grande preocupação para você? Deixa eu ser mais claro na pergunta: as revistas brasileiras, em sua maioria, têm péssima qualidade de impressão, papel ruim, além de contarem com um acabamento gráfico próximo do tosco, com páginas manchadas, rasgadas, baixa lineatura na impressão, papel de gramatura baixíssima, além de alta porosidade, dentre outros problemas. Como isso te afeta? Já que seu trabalho é diretamente prejudicado por isso...

Parei de ver o produto final. Depois que entrego a foto para a redação... a perco de vista. Rs... Cansei de acreditar que a coisa iria mudar. O resultado impresso sempre é muito pior do que eu esperava. Não sofro mais por isso.

Mais uma vez, obrigadíssimo ao Jairo pela disposição e a vocês que nos leem e nos ajudam a conseguir chegar perto dessas pessoas que admiramos e não tínhamos nem ideia que poderíamos trocar algumas palavras.



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