A mesma publicação que trouxe Aécio Neves em dezembro e Marcelo Adnet e Dani Calabresa em janeiro, veio com Chico Buarque em fevereiro. Uma inconstância que não desagrada, mas revela que a Alfa está rebolando para cativar públicos distintos e aumentar seu número de leitores mensais.
A matéria exclusiva do Chico Buarque é um chamariz sem igual para o público feminino, mas dá sustentação para os homens de bom gosto. Afinal, ele se enquadra bem no perfil dos artistas que posaram para as primeiras edições da Alfa, mas tem o plus de atrair uma penca de mulheres…
… e de homens também, vai saber
O texto de Regina Zappa, que acompanha as fotos do cineasta Walter Carvalho, é suave e transmite com serenidade o Chico que imagino perambular pelas ruas do Rio de Janeiro. “É, também, um sujeito que tenta levar a vida a margem da fama, que se esforça para ser apenas mais um na paisagem” é uma construção que poderia ser facilmente musicada, e num dedilhado simples virar um samba.
Pensando nas leitoras que teriam o primeiro contato com a Alfa na edição de fevereiro, a redação preparou a publicação para tentar “acolhê-las” melhor. Por exemplo, na seção Cartas, das 10 declarações publicadas, 4 são de mulheres. Coisa pequena, boba, mas contrastante com a segunda edição, que trouxe apenas 1 depoimento feminino.
Esperamos que seja um teaser para alguma outra publicação!
Mariana Rios é a estrela da seção Playground, em que foi subutilizada em uma única foto. Apesar do sucesso de sua personagem na novela das seis, a atriz não tem um nome forte o suficiente para posar de lado sem encarar a câmera e ser reconhecida. A foto de Daniel Aratangy passa batida, e Rios surpreendentemente não rendeu um ensaio à Alfa para a nossa infelicidade.
Cisne Negro, o thriller que caiu na internet em janeiro, quando todo mundo assistiu mas cuja estreia nacional só aconteceu em 4 de fevereiro, levou 8 páginas da edição deste mês. Além de fotos de Natalie Portman e Mila Kunis e texto importados, o erro brutal de timing (a revista começou a circular a partir da segunda semana) deu a sensação de mais do mesmo numa seção que trouxe a inédita Letícia Sabatella em janeiro.
O fato da Alfa ter dois calhais próprios – um chamando para assinatura (com desconto de até 50%) e outro para a venda da versão iPad – levanta a hipótese de que as metas de venda da revista em 2011 são bem agressivas. Além disso, opino que é pouquíssimo esperto divulgar a versão digital na edição impressa, em forma de anúncio de página simples. Ainda mais com o título abaixo:
Tô ligado, senão não comprava a Alfa...