Imagino que ser filho de Reinaldo Lourenço e Glória Coelho não é das coisas mais fáceis; ainda mais se você for apaixonado pelo mundo de seus pais. E acredito que está aí o grande problema do Pedro Lourenço: Filho de dois dos principais estilistas brasileiros, respira moda desde o berçário, e com isso construiu um repertório inacreditável, e uma pretensão sem limites.
Acompanho bem pouco do trabalho dele como estilista, menos ainda como stylist, mas pelo que já vi posso dizer algumas coisas: Pedro ainda é muito novo e afetado. Muito de seu trabalho vem de seus pais, as coleções da Carlota Joakina transpiram o DNA de Glória Coelho, com diversas amarrações e estruturas retas que moldam a mulher e o trabalho de stylist apresentado na Vogue Brasil de maio é recheado de peças de seus pais. Algumas delas muito coerentes, outras desnecessárias.
Nesta Vogue, o garoto edita 2 ensaios. O primeiro dele, fotografado por Steven Klein é um horror. Do estilo às fotos, tudo é estranhíssimo. Michelle Alves está péssima, os looks bizarros e a participação dos seguranças vexaminoza. Do ensaio - feito nas coxas - que tem 7 fotos, salvo apenas uma. Ou melhor, meia.
a belíssima armadura dourada é do papai ReinaldoO segundo ensaio editado por Pedro Lourenço, é fotografado por Bob Wolfenson e, acredito que a calma e tempo disponíveis para este trabalho foram determinantes para a qualidade. Sim, é um belo ensaio, não fosse aquelas fitas adesivas coladas na canela das meninas, diria que é um ensaio excelente. Bons looks, belas peças isoladas e belíssima fotografia.
fashionismo desnecessário
Em termos de editorial, ainda temos na revista Jacques Dequeker e Giovanni Frasson fazendo poesia visual, tratando paletós bem ao estilo da clássica Hollywood. E para finalizar, o enlatado do mês fica por conta de Mario Testino. Belo ensaio, belas cores e o saruel paetizado da Ralph Lauren marcando presença.
mostrando como se faz
show cromático
Após ver os dois ensaios produzidos por uma equipe mais experiente, a sensação de que Pedro precisa de mais calma, estudo e menos afetação é gritante. Acredito que ele tem muito potencial, sabe o que quer e onde conseguir, mas precisa segurar a mão. Para fazer ensaios tão eloquentes e pretenciosos como o da péssima capa deste mês é preciso muita experiência e jogo de cintura. Coisa que, infelizmente, só o tempo nos dá.
A Vogue Brasil não está lá essas coisas, mas a Vogue Kids que veio junto está incrível. Belíssimos ensaios que farei questão de comentar em breve. Principalmente o fotografado por André Passos, muito sofisticado.