Sério, esses dias tô super me achando o colaborador... Ué, não é sempre que recebemos dois convites para ajudar numa comemoração, né?! Bom, desta vez, o pessoal da Comunidade Playboy no Orkut, pediu que eu fizesse algumas perguntas ao jovem fotógrafo, Jorge Bispo.
Como bem gosto do trabalho do cara e o dasBancas ADORA saber um pouco mais do pessoal que passeia pelas páginas das revista que tanto falamos, corri pro computador e fiz algumas perguntas para o cara. E olha, gente humilde é outra coisa... Jorge respondeu tudo, sem medo ou arrogância. Bora saber um pouco mais sobre ele?!
• Recentemente pude acompanhar, pelo Twitter (@thiMnz e @jbispo), suas reclamações sobre Designers Gráficos, gostaria de saber qual sua relação com o manuseio de seu trabalho por terceiros. Para ser mais específico, como isso acontece na PLAYBOY? Você edita todo o material, organiza e envia para a revista, ou não tem controle sobre isso?
Foram algumas piadas. Fotógrafos e designers vivem as turras. Fotógrafo quer ver foto limpa, grande. Mas acredito em boas parcerias, pessoas talentosas agregam valor. Sobre a edição: Eu edito. Edito no sentido correto da palavra: Escolho as fotos. Com sobras, claro. E mando para a revista. A edição final do que entra e como entra é da revista.
• Uma das principais preocupações de profissionais de fotografia é o suporte onde suas fotos são impressas. Já faz algum tempo que o papel utilizado pela PLAYBOY, bem como a impressão com retícula muito aberta, é criticada pelos leitores. Esses detalhes lhe incomodam ou o rótulo PLAYBOY justifica o trabalho, mesmo que sua impressão não seja das melhores?
Todos nós queremos um bom papel e uma boa impressão. Eu e a PLAYBOY queremos isso. Mas sabemos que existem restrições econômicas. No fim ainda é uma revista e tem que dar lucro. Acho que dentro das possibilidades é feito um bom trabalho lá. É utopia acharmos que vamos ter o melhor papel, a melhor impressão. Temos que trabalhar com o que é possível e fazer ainda assim um bom trabalho.
• Na produção de um ensaio fotográfico, sabemos que existem diversos profissionais diferentes. Até que ponto vai o seu comando?! Produtores de moda e cenografia respondem ao seu comando, ou é tudo orquestrado por uma chefia maior e você é tão dirigido quanto eles?
Tudo é feito em conjunto. Idéias vem de lá e daqui. De maneira geral, comigo, eles me trazem uma idéia geral e eu discuto com eles o caminho, novos caminhos e possibilidades. Isso ainda na pré produção. Nos dias de fotos e no set eles respeitam bastante meu trabalho. Tenho liberdade total. Existe colaboração do diretor de arte, o que acho importante. Gosto de trabalhar assim.
• Durante muito tempo acompanhei seu trabalho na revista Contigo!, suas fotos ganharam mais destaque justamente quando o projeto gráfico da revista ficou mais limpo, e elas eram um bálsamo em meio às fotos de flagra. Nesta revista, sua principal característica, a de retratista, era usada e abusada. Fazer a transição para ensaios mais longos foi difícil?
Continuo sendo um retratista. É meu ofício. Só sei fotografar gente. Por isso gosto de fazer um pouco de moda, sensual e nu. E já existe uma tradição de fazer ensaios mais longos com retratados em revistas de celebridades ou revistas que publicam perfis. Na verdade passei de 8, 10 páginas de um perfil/ensaio para 16, 18 de uma PLAYBOY. Não vejo dificuldade por esse aspecto. O projeto que voce citou na Contigo era excelente. Coordenado pelo fotógrafo Ricardo Corrêa. Era um ótimo espaço. Fizemos coisas bem bacanas na revista. Cheguei a ser editor naquela fase por alguns meses.
• Apesar de adorar seu trabalho, e ver em você um dos principais nomes da nova geração da PLAYBOY, sinto que ainda não tem o reconhecimento merecido, você segue fazendo ensaios de pequenas estrelas, edições especiais... Isso lhe incomoda?
Essa questão de reconhecimento é muito relativa. Não me sinto desprestigiado. Faço ensaios, retratos e capas da maior revista do Brasil. Tenho 33 anos. Me acho um cara de sorte. Todo mundo quer fazer a edição de aniversário, inclusive eu. Mas isso pode acontecer com o tempo ou não. Vai depender do mercado, do meu trabalho, da mulher...
• Voltando a falar do Jorge retratista, uma coisa que tenho notado é que, já faz algum tempo, seu nome sempre está nos créditos da PLAYBOY. E normalmente isso ocorre em retratos. Isso é uma estratégia da direção para tornar seu nome conhecido dos leitores?
Não! Sou reconhecido como retratista. É mais do que comum que faça retratos. Colaboro com PLAYBOY tem anos. Desde que fiz o curso Abril. Sempre fiz retratos para lá e não pretendo deixar de fazê-los. O que mudou é que de um tempo pra cá tenho feito mais mulheres.
• Do que conheço de sua produção fotográfica, acredito que o principal traço de seu trabalho - em retratos ou ensaios - é a exploração de ambientes e luz natural. Fotografar em estúdio te incomoda? Ou é este momento é que tem lhe rendido mais trabalhos com bons cenários?
Tenho como característica principal a concepção do ambiente antes mesmo de colocar a modelo ou retratado na cena. Eu monto as imagens assim na minha cabeça. Minhas referências são mais pictóricas do que fotográficas. E também de fotógrafos como Arnold Newman. Eu adoro locação. Para o tipo de trabalho que faço é bem mais divertido do que estúdio. Sobre a luz eu uso bastante luz natural ou pontual como poste, abajour... mas quase sempre isso é misturado com flash. Em retratos te diria que sempre e em nu fica meio a meio.
Não me incomoda estúdio. Tenho coisas legais em estúdio. Mas não sou um fotógrafo mega técnico que usa 10 cabeças de flash. Trabalho com muito pouco equipamento. Em 90% das fotos apenas uma fonte de flash misturado com luz natural. Sorte do assistente.
• Como disse acima, seu nome é um dos principais dessa nova geração de PLAYBOY. Ser o 'substituto' de Bob Wolfenson e JR Duran, que são verdadeiras grifes em nu feminino, é tranquilo ou dá medo?
Agradeço os elogios. Mas, sinceramente, não me vejo assim. Por isso nem dá tempo de pensar se é tranquilo ou não. E nessa profissão a gente só se aposenta quando morre. Então não rola tão claramente uma passagem de bastão. Os caras estão aí super atuantes! Mas não tenho medo não. Sou movido por desafios. Se me derem a Letícia Sabatella pra fazer na edição de aniversário posso clicar hoje à tarde.
• Justamente por terem passado muito tempo a frente dos principais ensaios da PLAYBOY, Bob e Duran têem uma série de elementos 'reconhecíveis' em suas criações. Por exemplo: o exagero cênico do Bob, a clássica foto do sofá do Duran. Se pudesse escolher um elemento para te representar o que seria?
Acho que o cuidado no enquadramento e respiro dos retratados no frame. Os pequenos detalhes na imagem. Sou muito chato com isso.
• Até o momento, você só fotografou - para a capa de PLAYBOY - funkeiras. E os 3 ensaios foram ambientados na favela. Além destes, lembro de uma TRIP que também fotografou na favela. Não tem medo de ser rotulado como o fotógrafo da zona de risco?
Não. Já fiz tanta coisa fora de favela. Capa de Trip em mansão, ensaio pra PLAYBOY em quarto de hotel, mansão, Vip, Vogue em hotel 5 estrelas....
Acho que a capa da TRIP que fiz na Cidade de Deus marcou bastante, conseguimos resolver muito bem e isso pode ter incentivado a PLAYBOY. E na verdade eu entendo me chamarem. Eu circulo bem nesses ambientes. Eu gosto. Mas não diria que esse ambiente é a FAVELA. Pode ser subúrbio, uma vila rústica, uma fábrica, uma mansão antiga. Minhas fotos precisam de elementos, de respiro. E tem outra coisa, embora a Tati seja funkeira o ensaio dela não foi feito em favela. Foi feito numa mansão.
• Já temos a confirmação de que Bárbara Borges será a estrela de setembro da PLAYBOY. Se fosse o escolhido para este ensaio, o que poderíamos esperar?
Não fui o escolhido. risos
• Uma coisa que todo mundo sempre tem curiosidade: o que te levou a ser fotógrafo? Estudou arte, design ou qualquer coisa do tipo ou é uma paixão de infância?
Sou formado em Belas artes. Fiz licenciatura em Artes Plásticas. Minha família inteira trabalhava com teatro. Pai diretor, tia diretora... Sempre fui ator desde os 13 anos. Comecei a clicar no meio da adolescência por causa do teatro. Fotografando os ensaios e os atores E aos poucos a transição foi rolando. Fui largando o teatro e ficando com a fotografia. Sempre desenhei e na hora de fazer faculdade como já era ator profissional optei por abrir o leque e fazer artes plásticas.
• Para fechar o time da 'nova geração de fotógrafos' da PLAYBOY, quem mais você gostaria de ver ao seu lado? Eu voto no Jairo Goldflus!
Ih rapaz. Se eu estou nessa nova geração quem vier será bem-vindo. Quanto mais gente talentosa melhor. Não vou conseguir te dizer um nome.
• Como todo mundo que trabalha com imagem, com certeza você deve ser um devorador de referências visuais. O que mais lhe 'alimenta' para um novo ensaio?
Cinema, sem dúvida.
• Nomes de lá e de cá que fazem seus olhos brilharem?
Arnold Newman, Richard Avedon, Irving Penn, Araki, Bob Wolfenson, Miguel Rio Branco... São tantos...
• Seu retrato, seria feito por quem? Não vale falar que prefere um auto-retrato.
Vale morto?? Arnold Newman sem dúvida. Mas ficaria honrado se o Bob ou o Scavone fizessem um.
• O sonho de 10 entre 10 jovens na puberdade é ser fotógrafo da PLAYBOY. Era o seu?
O meu era jogar com a 10 do Flamengo no maracanã lotado.
Não realizei mas trabalhei em Placar e Jornal dos Sports e em dezenas de jogos do Flamengo com o maracanã lotado.
• Primeira coisa que fez para a PLAYBOY?
Algum retrato, com certeza. Mas não tenho a menor idéia de qual foi.
• Se pudesse escolher uma estrela e um tema para capa da PLAYBOY, o que seria?
Mariana Ximenes ou Leticia Sabatella.
Faria o ensaio inteiro com ela nua em um apartamento vazio em Paris.
Nenhuma roupa, nenhum assessório. Apenas um colchão velho, chão de madeira, papel de parede , uma mesinha, um abatjour e Paris lá fora.
• Apesar das Edições Especiais serem tomadas como obras menos valorizadas, acredito que para mostrar uma idéia é o melhor suporte oferecido para a PLAYBOY. As quase 100 fotos de um especial te seduzem mais que as míseras 20 de uma glamourosa edição regular?
É tudo trabalho. Mas sem dúvida fazer um especial é mil vezes mais difícil que uma edição regular. Não é mole preencher 60 páginas. Perfeito seria fazer a edição regular com 30 páginas. risos
• Em março passado, você fotografou a Princesa do Funk, no que seria seu primeiro ensaio para capa de edição regular. Ela já declarou que está chateada pelo fato da revista não ter saído até hoje. Você se chateia com essas coisas?
Eu não. É claro que gosto de ver o trabalho na banca. Para que as pessoas vejam. Mas meu prazer maior é o dia dos cliques, a troca, a relação com o fotografado. Não sou muito de lamber a cria. Já fiz tanta coisa depois desse trampo. Até mesmo PLAYBOY. Já fiz o trabalho e até gastei o dinheiro que recebi. Ficou bonito e fiquei feliz. Daí pra frente é com eles.
• Para finalizar: photoshop ou boa maquiagem e luz inspirada, qual o verdadeiro milagre de Valeska Popozuda?
Sem dúvida make e luz. Ela está bonita nos RAWS. Te garanto! Boa direção, bom ângulo. Ela não precisou de retoques relevantes. Honestamente essa história de photoshop é uma besteira sem fim.
Desde que o mundo é mundo que se faz retoques. Antes no laboratório e agora no photoshop. Só mudou a tecnologia.
Agradecimentos: Helder da Comunidade Playboy, que além do convite para a colaboração, contactou Jorge Bispo. E claro, ao Jorge, que respondeu todas as perguntas na maior simpatia.
As imagens utilizadas nessa postagem foram selecionadas e enviadas pelo fotógrafo. Para conhecer um pouco mais do trabalho, você pode ver o site, o Flickr ou o Twitter.
As imagens utilizadas nessa postagem foram selecionadas e enviadas pelo fotógrafo. Para conhecer um pouco mais do trabalho, você pode ver o site, o Flickr ou o Twitter.
5 comentários:
Como fotógrafo tenho que dizer que esses tipos de posts são os meus preferidos.
Acompanho o trabalho do Bispo já tem um tempinho e principalmente pelo flickr, tou só esperando ele dizer que precisa de assistente pra me candidatar! kkkk
Muito bom dasBancas pelos excelentes posts sucessivos! Ficar mais velho fez muito bem pra vcs! kkk
:D
Jorge Bispo é um dos caras a serem respeitados, muito bom seu trabalho. Eu mexo com fotografia nos dois sentidos, fotografando e editando, mas é uma enorme satisfação quando sua foto não precisa de um retoquezinho sequer, dá a sensação de um trabalho puro e compensador.
Ah, e essa foto da Débora Falabella é qualquer nota. Linda!
gente, adorei ler isso! adoro quando vocês conseguem essas exclusivas e pans. é sempre legal porque a gente nunca teria oportunidade de ler entrevistas com ele assim em qualquer lugar. beijo, poulain.
O ensaio da Valesca ficou realmente excelente e, ate pela baixa expectativa que eu tinha, considero o melhor de 2009 ate o momento pela mistura de ousadia e realismo.
Muito bom!! As perguntas estão ótimas..e o cara respondeu tudo smuityo bem. bEM CLARO E OBJETIVO. Adoro!!
Parabéns!!