Total sem tempo pra pesquisar/ler/comentar revistas/blogs/e-mails.
Mas depois de 10 minutinhos de metrô resolvi mandar esse excelente texto (e isso é raro) da HOMEM VOGUE atual que descreve com muito humor o perfil das revistas femininas, de ontem e hoje.
Assustadoras, viciantes, elas mudaram muito nos últimos tempos
As revistas femininas muitas vezes nos assustam, amedrontam ou simplesmente nos afrouxam a mais irônica das gargalhadas. Ando viciado nelas. A patroa já não aguenta mais me ver fugindo com a sua pilha de almanaques para o banheiro.
Eu não largo o meu vício.
Aprendemos sempre alguns bons truques com essas sábias brochuras. Das balzacas em chamas da Nova às lolas modernas da TPM - Trip Para Mulheres.
Às vezes nem carece folheá-las, basta uma lida nas manchetes de capa sobe o sol na banca de revistas.Claro que fico meio assombrado quando vejo que descobriram uma nova posição para o sexo. Como se não bastassem as milhares de combinações do Kama Sutra e de todos os outros compêndios.
Tenho medo das leitoras de Nova, confesso minha fraqueza. Elas têm mais fogo guardado nas entranhas do que las chicas do ótimo romancezinho de Almodóvar (Dantes Editora); elas estão descontroladas, elas são a perfeita mistura de cachorras do funk com afilhadas de Balzac.
O vício das femininas. Chamadas de verão: novos óleos eróticos, novos jogos, novos fetiches, vixe!, os mais poderosos cremes anti-rugas e anticelulites... Mas o que dá preguiça mesmo, só de pensar, são as exigências das novíssimas posições. Daquelas que dão câimbra só de ver o desenhozinho didático, tipo "faça você mesmo", na página.
Houve um tempo que essas revistas eram bem menos atrevidas. Repare só nestas chamadas de capa das antigas, priscas eras:
"Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo" (Revista Claudia, 1962)"A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa" (Jornal das Moças, 1965)
Tem mais, repare só que pérola:"A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas" (Jornal das Moças, 1959)
Nem o mais machista dos anúncios de "cerva" chegaria a tanto.E o chauvinismo das redatoras das antigas - sim, a maioria era escrita por mulheres - não ficava só na bebida. O pior vem aí:
"Se seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa" (Jornal das Moças, 1957)Querem mais um de fé? Então, lá vai:
"Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas" (Jornal das Moças, 1957)E este aqui: "O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE é quem decide - sempre" (Revista Querida, 1953)
Agora, juro, vou encerrar, que assim já começou a virar galhofa, escárnio... Essa última chamada de capa é de chorar:"Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite espere-o linda, cheirosa e dócil" (Jornal das Moças, 1958)
Como diria o velho Costinha com sua imoral bocarra: "Nooooossa!"Achei hilário o texto. Como a muito tempo não lia em uma VOGUE, de qualquer nacionalidade e gênero. Aliás. essa edição tem primado pela qualidade editorial, mantendo ainda os excelentes ensaios e conteúdo de moda.
Só pra ilustrar, confiram uma capa dessas revistas das antigas citadas na crônica:Plus: Lições de tricô à máquina, tsá?
4 comentários:
Já tinho lido esse texto, é muito bom mesmo! =P
Só pra economizar tempo, o post ali acima de Lindsay tá fantástico! \o/
Gostei da capa do Jornal das Moças.
A melhor parte, eh q as mulheres ainda sofrem desses problemas hoje em dia... skapskpapsa
essas revistas são sempre estereotipadas demais não importa a época. mas antigamente elas se adequavam mais ao perfil feminino. Hoje em dia este perfil é tão variado que elas dificimente acertam... ou agradam a todas... As matérias das revistas masculinas são mais interessantes... são mais úteis... pelo menos eu acho...