Aos que não nos enxergam

Oi, eu estou bem aqui na sua frente, mas você insiste em não me ver. Tudo bem, opção sua, cada um enxerga o que quer. O problema é quando você, sem ter idéia de como sou, resolve dar a sua visão sobre mim. Talvez você não se enxergue também, antes de mais nada – e assim me tire por parecida contigo. Errando completamente. Para começar, eu faço questão de ver as pessoas ao meu redor, e isso faz toda a diferença do mundo. Percebo que todos têm algo de especial, estando aí a graça. Percebo belezas que não são minhas, estando aí o prazer.

Percebo inclusive você, parado bem na minha frente, desviando seu olhar para lá e para cá, nervoso com a minha presença, estando aí o ridículo.

Veja bem, não há o que temer em mim. Não quero nada que seja seu. E não sou nada que você também não seja, pelo menos um pouquinho.

Você não precisa gostar de mim para me enxergar, mas precisa me enxergar para não gostar de mim. Ou gostar, e talvez seja exatamente isso que você tema. Embora isso não faça sentido, já que a vida é bela, justamente, quando estamos diante daquilo que gostamos, certo?

As palavras acima são da escritora Fernanda Young, e foram publicadas em sua coluna na revista Cláudia. E foram selecionados justamente por, ao menos para mim, dizerem muito sobre este momento.

Criatura e criador.

Fernada Young estará na Playboy de Outubro, e os cliques ficarão por conta de Bob Wolfenson, fotógrafo que sempre lhe retrata em ocasiões importantes. Seja sua coluna, divulgação de peça ou campanhas que participa.

Sobre a escolha deste texto: o que espero é que os fãs ávidos por famosas gostosas entendam a magnitude deste momento. Fernanda é um ícone da cultura pop brasileira. É inteligente, sofisticada e foge de qualquer padrão. Sua imagem forte pode não agradar os mais puritanos, mas sua presença na capa da Playboy reforça o valor desta marca, que há 34 anos dita os rumos da cabeça masculina em nosso país.

Desde já, acredito que este ensaio é histórico. Daquelas edições de se guardar a 7 chaves. Momento que nunca se repetirá, que pode e vai abrir muitas portas. Espero nestas fotos toda a atitude da estrela, todo o requinte do artista por trás das lentes e muito cuidado por parte da equipe que já está em fase de pré-produção do ensaio.

Se pudesse integrar essa equipe, ficaria na dúvida de seguir um rumo mais lírico, inspirado nas imagens de Tim Walker ou um caminho mais seguro e visceral, bem ao estilo de Fernanda Young. Este seria um retrato do submundo sexual das grandes metrópoles, levaria Fernanda para região da Praça da República, em São Paulo, e a colocaria ao lado de travestis, michês e toda a orda excluída do mainstream, mas de fundamental importância na formação da identidade metropolitana, a dicotomia é indispensável para um cenário instigante.

Muito preto, muita granulação, muita ousadia e pitadas de erotismo. Quero Fernanda num cinema pornô, quero Fernanda interagindo com os 'exilados', quero Fernanda dando voz aos malditos! Quero um texto de Marina Lima, quero cinema noir. Quero um tanto de coisa e principalmente um resultado inesquecível, impecável. Quero história.

Uma outra coisa bem legal para dizer: há um ano fiz o post Cover Girl dedicado ao Greg. Era uma singela lembraça/homenagem por seu aniversário. E não posso negar, anunciar Fernanda como coelhinha da Playboy, olha que inusitado, justamente no dia do aniversário dele é um prazer. Tenho certeza que nos últimos anos, nenhuma Cover Girl renderia tanto bafo quanto esta, nem tão pouco combinaria tanto com o aniversariante do dia.

Parabéns ao caçulinha do dasBancas, que à primeira vista já impressiona, mas com o tempo de convivência só deixa a certeza de ser um privilégio estar ao seu lado.

Toda a felicidade do mundo! Do amigo emocionado e privilegiado, que vai correndo comprar um presente pra não chegar na festa de mãos abanando. Ainda bem que a festa é só amanhã...