Já que o assunto prioritário daqui são os estáticos e, aproveitando o espaço do ESTADÃO, convidei um amigo que conhece tudo sobre vídeo para comentar os dá última Mag!. Também resolvi interpretar a proposta e selecionar os melhores momentos do projeto como se ele fosse um editorial fotográfico.
Então vamos aos poucos. Primeiro uma breve descrição do colaborador sobre o projeto da Mag!, depois os seus comentários sobre cada vídeo e em sequência os meus momentos preferidos em imagens:
Em louvável iniciativa, a revista Mag! agrega à sua qualidade editorial o fascínio pela arte em movimento. Num território dominado, principalmente, pela fotografia, a ousadia da publicação merece todos os méritos. São três curtas-metragens, intitulados em francês, já que trata-se também de uma homenagem ao ano da França no Brasi, concebidos diferentemente um do outro, com qualidade e produção inquestionáveis e roteiros ultra complexos. O que mais me agrada é o fato de que as roupas são sim muito bacanas mas só fazem parte de um conjunto bem dirigido. O foco ali não são as peças, mas as mesmas somadas a luz, sonoplastia, cenografia, interpretação, direção de arte e narrativa.
Le Trou
O ex-modelo, diretor de desfiles, fashionista e idealizador audiovisual nascido em Moçambique (ufa!) Zee Nunes é responsável pelo primeiro da triologia de curtas produzidos pela Revista. Com fotografia de Pedro Molinos, O Buraco ou Le Trou nada mais é do que fotos seguidas em fade com pouquíssima movimentação das pessoas em cena. Dos três, O Buraco é o que mais permanece próximo dos ensaios de moda convencionais. As pessoas em cena são praticamente estáticas e basta um "print screen" em cada take para que se obtenha imagens de um catalógo como qualquer outro. Por isso, a fotografia é milimetricamente bem feita, com estudos de luz, sombras e reflexos precisos. A narrativa é desconstruída e não há uma lógica exata. O protagonista negro e nu, seis portas e uma cena desconexa atrás de cada abertura. A trilha sonora é perfeita e só contribui para a instauração de um clima que fica entre o macabro e o suspense. Há sonoplastia extra dos rápidos movimentos dos modelos em cena além dos sinos nas sequências finais. O inesperado em O Buraco é o que há de melhor somado ao fino tratamento de imagem que destaca sempre as cores das paredes e dos objetos escalados pela direção de arte.
Pedro Molinos além de ser diretor de fotografia em O Buraco assume a direção geral em Um Sonho Francês (Assemblé En Tournant). A princípio, o que chama a atenção, é o fato de que a direção resolve optar por um tratamento de imagem que esfrie algumas cores e esquente outras. O resultado são belíssimas imagens contrastadas, principalmente entre os tons de laranja e amarelo com as cores azuladas. A proposta do vídeo é intensificar um possível lado parisiense de São Paulo. Para isso, Molinos coloca em meio a Avenida Paulista um grupo de modelos trajados sofisticadamente a partir de referências de figurinos franceses. Até uma "irmã" da Torre Eiffel é focalizada durante o curta (na verdade, trata-se da torre da Rede Globo). Em uma próxima locação, com produção de objetos inspirados também no clima de Paris, os atores se transformam até em reis piscodélicos absolutistas do século XV. E para finalizar, brincam com a sombra do maior ícone representativo da nação homenageada.
Assemblé En Tournant
Pedro Molinos além de ser diretor de fotografia em O Buraco assume a direção geral em Um Sonho Francês (Assemblé En Tournant). A princípio, o que chama a atenção, é o fato de que a direção resolve optar por um tratamento de imagem que esfrie algumas cores e esquente outras. O resultado são belíssimas imagens contrastadas, principalmente entre os tons de laranja e amarelo com as cores azuladas. A proposta do vídeo é intensificar um possível lado parisiense de São Paulo. Para isso, Molinos coloca em meio a Avenida Paulista um grupo de modelos trajados sofisticadamente a partir de referências de figurinos franceses. Até uma "irmã" da Torre Eiffel é focalizada durante o curta (na verdade, trata-se da torre da Rede Globo). Em uma próxima locação, com produção de objetos inspirados também no clima de Paris, os atores se transformam até em reis piscodélicos absolutistas do século XV. E para finalizar, brincam com a sombra do maior ícone representativo da nação homenageada.
Ne Pleure Pas Jeanette
Para encerrar, a decadência é o tema central de Não Chore Jeanette (Ne Pleure Pas Jeanette) dirigido por Dácio Pinheiro. Com um script totalmente em francês e uma bela interpretação do que parece ser um drama de vaidosa atriz suicida, a obra de Dácio Pinheiro é primorosa quanto ao zelo da cenografia e no estudo dos planos. Efeitos propositais de desfoques, borrões e reflexos na lente dão uma textura amargurante para o curta. Dos três vídeos é o único que possibilita um envolvimento do espectador com a personagem da ficção. Jeanette tem uma diferente beleza e é impossível se manter inerte perante sua delicada fraqueza. A trilha sonora também é sob medida.
O sofisticado-freak
Jader Maia é publicitário, já trabalhou em produtoras de vídeo e ainda escreve sobre clipes para o blog Pixelóide. Só pra constar, devo desculpas formais a ele, pois esse texto está pronto desde o lançamento da Mag!, mas só agora tive como juntar tudo e postar.
2 comentários:
Achei o primeiro vídeo, Le Trou, bem doido. Takes lindos. O q + gostei, talvez por se aproximar mesmo mais de um nsaio. E a Jeanette é interessante. Faria.
Adoro posts inteligentes no dasBancas. Podem não render bafo aqui no blog, mas rendem muito orgulho e satisfação nas internas. Incrível como Jader traz uma seriedade em tudo que faz e fala. Certeza que Mr. Paulo Borges ficou orgulhoso.
Eu que fico agradecido pelo comentário, Leandro.
Espero ter contribuido a altura e pelo menos um pouco no "irmão mais velho do Pixelóide."
E Greg, relaxa. Não tem que pedir desculpas não! =] Pelo menos, saiu. kkkkkkkk